O Projeto Tamar - Tartaruga Marinha está comemorando 30 anos. Nestas três décadas, já salvou da extinção em torno de 10 milhões de filhotes, das cinco espécies existentes no litoral brasileiro. A partir de 2009, são calculadas em um milhão as tartarugas a serem preservadas por ano. Hoje, o Projeto Tamar/ICMBio (Instituto Chico Mendes da Biodiversidade) tem 23 bases no litoral brasileiro, de Santa Catarina ao Ceará, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso desses animais.
Os números foram apresentados durante o 4 Congresso Brasileiro de Oceanografia, realizado na Universidade Federal do Rio Grande na semana passada, pelo casal Guy e Neca Marcovaldi, egressos da instituição e fundadores do Tamar. Para Neca, a grande razão do sucesso do projeto é envolver em todas as etapas as comunidades onde se desenvolve o trabalho. Há 30 anos, decidiu-se pela atuação com os pescadores, a fim de aprender com eles os hábitos das tartarugas nas praias. Dessa forma, os integrantes do Tamar conquistaram a confiança das populações e as trouxeram para o projeto, gerando alternativa de renda às famílias e multiplicando a conscientização para a preservação.
Hoje, os "tartarugueiros" das comunidades monitoram, diariamente, 5 quilômetros de praia para proteção e acompanhamento dos animais, bem como coleta padrão e regular de dados com os pesquisadores. Também são realizadas pelo Tamar atividades de pesquisa nos ambientes, desde 1984, por meio de técnicas de mergulho. Isso possibilita a compreensão da dinâmica das populações das espécies.
Em 2001, o projeto participou da formação do Plano Nacional para a Redução da Captura Incidental de Tartarugas Marinhas pela Pesca. Os resultados, segundo Neca e Guy, só foram obtidos devido ao trabalho junto às comunidades de pescadores. Um exemplo está na pesquisa com tipos de anzóis. Um deles, criado pelos pesquisadores e pescadores, reduz em mais de 30% a mortandade em uma espécie de tartaruga e 50% em outra.
Todos os dados coletados pelo Tamar estão disponíveis para pesquisas, desde que haja solicitação e se apresente o projeto a ser desenvolvido. A iniciativa tem ainda confecções, publicações e centros de visitação, cuja renda é revertida para estudos e preservação. Um dos dados divulgados aponta que, para cada tartaruga apresentada nos centros de visitação, 100 mil outras são salvas, graças ao conhecimento propiciado por esse contato, em especial de crianças e jovens conquistados pela educação ambiental.
Por CARMEM ZIEBELL
CORREIO DO POVO- PORTO ALEGRE, TERÇA-FEIRA, 25 DE MAIO DE 2010
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